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A importância de ouvir e contar histórias

1. A IMPORTÂNCIA DE OUVIR E CONTAR HISTÓRIAS


As histórias existem para tornar a vida das pessoas mais interessante, rica de significados e plena de sentidos.

Fanny Abramovich, em seu livro “Literatura infantil – gostosuras e bobices”, fala: “Ouvir histórias é viver um momento de gostosura, de prazer, de divertimento dos melhores... É encantamento, maravilhamento, sedução...” (p. 24).

Segundo a autora, a história contada é o livro da criança que ainda não lê, o que torna as narrativas orais um excelente meio de formar leitores. Ser leitor é descobrir o mundo através da palavra escrita. Ser um bom ouvinte de histórias é desvendar a beleza e os mistérios da vida por meio da oralidade.

Ouvir e contar histórias pode ser uma boa forma de ampliar a consciência, aguçar a sensibilidade e alargar a percepção e a compreensão do mundo, do outro e de si mesmo. Os contos tradicionais, por exemplo, além de seu valor literário, tratam de temas de ordem antropológica, mítica e psíquica, auxiliando-nos no processo de autoconhecimento.

Segundo Bruno Bettelheim, os contos de fadas trazem em si representações simbólicas do psiquismo infantil que podem auxiliar a criança no processo de maturação de sua vida afetiva e emocional.

A esse respeito, Fanny Abramovich nos diz:

[Contar histórias] “é uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos – dum jeito ou de outro- através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas personagens de cada história (cada uma a seu modo)...É a cada vez ir se identificando com outra personagem (cada qual no momento que corresponde àquele que está sendo vivido pela criança)...e assim, esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a solução delas...”. (p. 17).

As histórias aguçam a imaginação. Para que possam se materializar no tempo/espaço, as histórias dependem do som da voz humana. O som, por sua vez, é vibração e, como tal, é invisível aos olhos. Assim, as narrativas orais suscitam o imaginário do ouvinte/espectador que, ao longo da narrativa, cria em sua tela mental imagens sonoras e verbais sugeridas no texto.

Bruno Bettelheim, em seu livro “A psicanálise nos contos de fadas” nos fala a respeito da imaginação e seu poder de entreter, emocionar e despertar a curiosidade e a imaginação das crianças:

“Para que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar clara suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam”(p. 13).


Na esteira da imaginação vem a criatividade. Segundo o educador, psicanalista e filósofo Rubem Alves, a imaginação é a mãe da criatividade. Crianças que ouvem histórias são mais imaginativas e, portanto, mais criativas, qualidade imprescindível em tempos de rápidas e profundas mudanças nas relações sociais e de trabalho.

Ouvir histórias é fundamental para a formação de toda criança. O bebê, por exemplo, ao ouvir a voz da mãe, do pai ou do cuidador contando uma história ou cantando a ele uma canção, além de sentir-se amado e acolhido, ingressa mais prontamente no mundo da linguagem e do pensamento simbólico.

As crianças, ao procurar traçar mentalmente uma rede de significados a partir das ideias, imagens verbais e sonoras, formas e cores, sentimentos e emoções presentes nas performances narrativas, ampliam a rede de conexões neuronais estimulando assim o desenvolvimento de sua inteligência, seu senso crítico e sua sensibilidade estética.

São inúmeras as motivações que podem levar uma pessoa a se interessar pela arte de contar histórias. Cabe a cada um, ao longo de sua jornada, descobrir e fortalecer suas relações mais íntimas com essa arte.

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